Anjo
O telefone tocou… chorei sem saber o que fazer, o chão fugiu subitamente dos meus pés. O meu coração não quis acreditar no que aquela voz me dizia… era uma barbaridade!!! Entrei em desespero… não sabia o que se tinha passado, ainda hoje não sei. Questiono-me tanta vez…
Chorei dias a fio, mas sempre com esperança que me ligasses a dizer que era uma brincadeira de muito mau gosto… se queres saber ainda hoje espero. Não superei… estou longe de superar… passei dias terríveis, dias em que não há motivo para sair da cama, dias em que mentimos a nós mesmos dizendo “a minha vida contínua” e iludimos a nossa mente com outras coisas, ou pelo menos tentamos.
Penso no que terás passado, no que terás pensado, no que terás sofrido… lembro-me da minha revolta, da minha impotência mas acima de tudo lembro-me da falta que me fazes, da calma que transmitias, do sorriso que nunca mais vou ver…
Aproxima-se a data que tanto tento adiar… vou-te visitar… Acabaram as desculpas. Lembro as boas recordações, mas não esqueço do último dia… nem sei se algum dia vou esquecer.
Tanta coisa que te quero dizer… tanta coisa que te quero perguntar… do outro lado vou ouvir silêncio, o mesmo que ouço desde que partiste.
Andei muito tempo perdida… sem rumo. Deitaram-me a mão… e aqui estou, sem nunca te esquecer e chorando sempre que me recordo de ti. Quase 10 meses passaram e não há dia que não me lembre de ti. Perdi um grande amigo, um anjo em vida e por certo na morte. Sei que não acreditas, ou pelo menos não acreditavas… eu também não, mas neste momento prefiro crer que o sejas e que caminhas todos os dias a meu lado com a mão no meu ombro nos momentos maus e com um sorriso nos momentos mais caricatos.
Nunca te vou esquecer…
Para avaliar a importância real de uma pessoa, devemos pensar nos efeitos que sua morte produziria. (François Gaston de Levis)
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